O Centro Educacional de Aracruz (CEA) transformou-se em um verdadeiro museu no dia 6 de junho, durante a culminância do projeto “História Local no Ensino de História: Contribuições Italianas no Município de Aracruz”. Desenvolvido ao longo de várias etapas, o projeto envolveu os alunos da 3ª Série do Ensino Médio em uma jornada de descobertas das tradições herdadas da imigração italiana na região, proporcionando aos estudantes um contato direto com a história viva da comunidade.
A iniciativa, conduzida pelo professor Matheus Pignaton Nascimento, da disciplina de “Ciências Humanas Aplicadas”, foi desenvolvida em sete etapas, que envolveram pesquisa, palestras, entrevistas, leitura de textos e a montagem de uma exposição temática, ajudando os estudantes a compreender os motivos da migração, os desafios enfrentados pelos imigrantes e suas contribuições para a cultura local.
Os convidados Paulo Bottoni, José Carlos Zanoni e João Carlos Devens – este último, empresário da rede de Supermercados Devens – foram entrevistados, compartilhando relatos que aprofundaram os conhecimentos sobre a imigração italiana no Espírito Santo. A partir dessas entrevistas, foi produzida uma reportagem em vídeo. Também foi realizada uma leitura dirigida sobre a história local, incentivando reflexões em sala de aula.
Logo no início, os alunos participaram de uma aula inaugural ministrada pelo pesquisador Geremias Pignaton, de 64 anos, nascido em Ibiraçu. Formado em Administração, Direito e História, o especialista é autor de seis livros sobre a história local e compartilhou com os estudantes aspectos marcantes da história e da cultura da região que moldaram Aracruz.
Durante o projeto, os alunos foram divididos em quatro grupos para realizar um trabalho de campo que envolveu diferentes abordagens sobre a imigração italiana: entrevistas com descendentes e historiadores; levantamento de material iconográfico com fotografias antigas; coleta de objetos históricos, como chaleiras, ferros de passar, máquinas de macarrão, passaportes e moedas; além de pesquisas em acervos, bibliotecas e hemerotecas, como a da Biblioteca Municipal de Aracruz.
Um dos momentos mais emocionantes foi o “Café com os Avós”, que promoveu o encontro entre gerações, valorizando a história oral e fortalecendo os laços familiares e comunitários. Durante o café compartilhado, foram trocadas memórias e experiências, reforçando a importância da oralidade na preservação da história familiar.
Todo o material coletado foi cuidadosamente organizado e apresentado na exposição final, idealizada e montada pelos próprios estudantes do Ensino Médio. Os objetos foram agrupados em seções temáticas, acompanhados de legendas explicativas e placas informativas. O espaço escolar foi transformado em um ambiente museal, onde cada item exposto contava uma parte da trajetória dos imigrantes italianos no município. A mostra contou com a presença de colegas, professores e gestores, que puderam conhecer de perto os frutos da investigação.
“A culminância do projeto representou um momento de grande importância para consolidar os conhecimentos construídos ao longo das etapas e evidenciar o protagonismo dos estudantes. A exposição final não foi apenas uma apresentação dos resultados, mas uma verdadeira celebração da trajetória investigativa dos alunos”, destacou o professor Matheus.
“Os alunos da 3ª Série do Ensino Médio, com esse projeto, perceberam que fazem parte de uma história coletiva. Eles não apenas aprenderam, mas tornaram-se divulgadores da própria cultura”, disse a diretora escolar, prof.ª Adriana Recla Sarcinelli, ao destacar o protagonismo dos jovens.
Durante o evento, foi exibido um vídeo produzido pelos estudantes da 3ª Série, que reuniu imagens, trechos das entrevistas e cenas das pesquisas de campo, destacando os traços culturais italianos presentes em Aracruz. A turma também elaborou uma linha do tempo visual da imigração italiana, com fotografias antigas de famílias e documentos resgatados em acervos digitais e físicos.
Para a aluna Ana Beatriz Martins de Marchi, da 3ª Série “B”, a experiência foi transformadora:
“Participar desse projeto sobre a imigração italiana foi uma experiência muito especial. Eu aprendi muito sobre a cultura, as tradições e até o significado de alguns objetos que antes eu nem imaginava. Preparar a exposição e ver as pessoas interessadas no que a gente montou me deixou muito feliz e orgulhosa. Acho que foi uma forma diferente e divertida de aprender História e também de valorizar as nossas origens”.
Mais do que uma atividade pedagógica, o projeto foi um exercício de pertencimento e construção de identidade. Ao conectar teoria e prática, escola e comunidade, os alunos do CEA vivenciaram uma aprendizagem significativa, reconhecendo-se como parte de uma história que continua sendo escrita. O evento atraiu colegas, professores e gestores, encerrando-se com um convite: que a memória italiana siga viva nas novas gerações.
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