Alunos do CEA participam de conversa sobre escravização e imigração italiana com historiador Geremias Pignaton

Fotos: Alessandro Bitti

Os estudantes da 1ª, 2ª e 3ª Séries do Ensino Médio, que fazem parte da disciplina optativa de “Ciências Humanas e Sociais Aplicadas”, do Centro Educacional de Aracruz (CEA), participaram, no dia 20 de fevereiro de 2025, de uma conversa enriquecedora com o historiador Geremias Pignaton, especialista em história regional. O encontro, organizado pelos professores Matheus Pignaton Nascimento e Fernanda Rodrigues Wolkartt, responsáveis pela disciplina, aconteceu no auditório da escola e proporcionou uma análise detalhada sobre o contexto da escravização e da imigração europeia no Brasil.

Nascido em Ibiraçu, Geremias Pignaton, de 64 anos, é graduado em Administração, Direito e História. Servidor do Senado Federal até sua aposentadoria, é autor de seis livros dedicados à preservação da memória de Ibiraçu e das regiões vizinhas. Durante o encontro, o historiador compartilhou sua visão crítica sobre o papel da Inglaterra no fim da escravização. Segundo ele, a pressão inglesa não ocorreu por razões humanitárias, mas por interesses mercadológicos. “Por causa da Revolução Industrial, eles estavam produzindo muita coisa lá e queriam ter um mercado consumidor. Escravo não era mercado consumidor”, explicou Geremias.

Pignaton destacou que, embora a Inglaterra tenha enriquecido com o comércio de escravizados, a continuidade desse sistema já não era economicamente vantajosa. “Começou a pressionar os outros países, tipo o Trump: ‘Vamos acabar com isso aí, porque não nos interessa mais’”, comparou Geremias, enfatizando que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão, em 1888, devido à resistência interna e à atuação do Movimento Abolicionista. O historiador também ressaltou a importância da Lei Eusébio de Queirós, de 1850, que proibiu o tráfico de africanos escravizados, incentivando a busca por outras formas de mão de obra.

A imigração europeia, conforme explicou Pignaton, tinha três objetivos principais: fornecer mão de obra, povoar as terras agrícolas e promover o branqueamento da população. No caso da região de Ibiraçu, o fator predominante foi o povoamento. “Trazer agricultores da Europa para povoar, trabalhar a terra, produzir. Produzir especialmente o quê? Café”, afirmou Geremias, ressaltando a relevância econômica da cultura cafeeira voltada para a exportação.

Na ocasião, o historiador mencionou o papel das colônias de imigrantes no Espírito Santo, como a Colônia de Santa Isabel, criada em 1846 com imigrantes alemães; a Colônia Rio Novo, estabelecida em 1856, com imigrantes de diversas nacionalidades; e a Colônia de Santa Leopoldina, fundada em 1857. Ele explicou que, quando os imigrantes italianos chegaram à região, Ibiraçu pertencia à administração da Colônia de Santa Leopoldina, mas não ao município homônimo. “O município era Santa Cruz, criado em 1848”, esclareceu Geremias Pignaton.

Outro destaque citado pelo historiador foi a atuação de Pietro Tabacchi, imigrante trentino que, após insistentes gestões junto ao governo imperial, obteve autorização, em 1873, para trazer imigrantes italianos e formar um assentamento colonial particular na região de Santa Cruz, próximo ao atual município de Fundão. “Ele trouxe a primeira leva de imigrantes da Itália”, explicou Pignaton, evidenciando a contribuição desses movimentos migratórios para a construção da identidade cultural e econômica local.

Durante o encontro, o historiador abordou os desafios enfrentados pelos primeiros imigrantes italianos, como as dificuldades de adaptação ao novo ambiente, as barreiras linguísticas e culturais, além das condições precárias de trabalho e moradia. Ele também destacou a influência cultural deixada pelos italianos, presente até hoje em aspectos como a gastronomia, festas típicas, arquitetura e costumes familiares. “Geremias Pignaton trouxe exemplos de tradições preservadas ao longo das gerações, destacando a importância da memória histórica para a valorização da identidade cultural da região”, afirmou o professor Matheus.

Para o docente do CEA, o encontro foi essencial para que os alunos do Ensino Médio compreendessem melhor o impacto da imigração italiana na formação social, cultural e econômica do Espírito Santo. “A conversa permitiu uma reflexão sobre a relevância desse legado e a necessidade de iniciativas voltadas à preservação e divulgação da história da imigração italiana, reforçando seu impacto na construção da sociedade capixaba”, concluiu Matheus.

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